Miyamoto Musashi foi um extraordinário guerreiro que sobreviveu a um dilema histórico na civilização japonesa para os guerreiros. Ele escreveu sua obra, “Go Rin No Sho”, em 1643 e nela usou técnicas educativas e métodos de aprendizado para representar seu papel atual na adaptação da cultura a um novo período histórico no Japão. A peculiaridade no seu papel específico como guerreiro nessa fase da história japonesa, residia no fato de que para ele a guerra deixara de existir e só havia restado somente funções administrativas e policiais no Japão nesta época.

Nessas condições, o caminho do guerreiro como meio de auto-aperfeiçoamento tornar-se-ia uma ameaça à sociedade. Para guerreiros como Musashi, essa necessidade de aperfeiçoamento como guerreiro, tornou-se uma obsessão de abater-se em duelos, já que não havia mais guerras.

Essa luta solitária, constituiu um grande fator na formação do pensamento de Musashi e sua obra sobre o guerreiro, com atenção particular aos detalhes estratégicos e à abordagem sistemática.

No seu “Livro dos cinco anéis”, Musashi ressalta a importância de discernimento perceptivo, não apenas no caminho do guerreiro, mas em todas as posições sociais para adquirir um compreensão objetiva dos mecanismos do senso de oportunidade e de sucesso. Compre aqui o livro dos cinco anéis.

Musashi tentou estabelecer uma base teórica e prática para completar a personalidade do guerreiro, sob a influência do zen-budismo e confucionismo. Na introdução do seu tratado sobre a estratégia e artes marciais, Musashi descreve um plano detalhado geral para evolução da mente do guerreiro como um todo:

  • Não pense desonestamente, pense no que é correto e verdadeiro.
  • Coloque a ciência em prática, o caminho está no treinamento.
  • Familiarize-se com todas as artes.
  • Familiarize-se com todos os ofícios, conheça o caminho de todas as profissões.
  • Perceba as qualidades positivas e negativas de tudo, distinguindo entre ganho e perda nas questões mundanas.
  • Desenvolva julgamento intuitivo e compreensão de todas as coisas, aprenda a ver tudo com cuidado.
  • Note aquelas coisas que não podem ser vistas, tomando consciência daquilo que não é obvio.
  • Preste atenção a tudo, mesmo aparentes baboseiras, sendo cuidadoso até mesmo nas pequenas questões.
  • Não faça nada que não tenha utilidade.

Dokudo – “O caminho da auto-confiança”

Em 12 de maio do ano de Soho (1645), Musashi recebia tratamento em sua residência no castelo de Chiba devido a uma enfermidade. Nesse período, ele escreveu e depois apresentou alguns artigos à amigos íntimos e seguidores. Esses artigos são conhecidos como dokudo ou dokkodo que significa “caminho da auto-disciplina”.

No documento original existem 21 frases que Musashi escreveu à seus futuros seguidores, mas os artigos estavam endereçados diretamente para seu aluno Magonojo Terao.

  1. Eu nunca ajo contrário à moralidade tradicional.
  2. Eu não sou parcial com nada e nem com ninguém.
  3. Eu nunca tento arrebatar um momento de sossego.
  4. Eu penso humildemente de mim e grandemente para o público.
  5. Sou inteiramente livre de ganância em toda minha vida.
  6. Eu nunca lamento o que já fiz.
  7. Eu nunca invejo a boa sorte dos outros, mesmo estando com má sorte.
  8. Eu nunca aflijo-me por qualquer um, qualquer coisa ou qualquer tempo.
  9. Eu nunca censuro ninguém, ou me censuro para alguém.
  10. Eu nunca sonho em apaixonar-me por uma mulher.
  11. Gostar e não gostar de algo, é um sentimento que não tenho.
  12. Qualquer que seja a minha moradia, eu não tenho nenhuma objeção à ela.
  13. Eu nunca desejo um alimento saboroso.
  14. Eu nunca tenho objetos antigos ou curiosos em meu poder.
  15. Eu nunca faço purificação ou abstinência para proteger-me do mal.
  16. Eu não tenho apreço por nenhum objeto, exceto espadas e outras armas.
  17. Eu nunca daria minha vida por uma causa injusta.
  18. Eu nunca desejo possuir bens que tornem minha velhice confortável.
  19. Eu adoro deuses e budas, mas nunca penso em depender deles.
  20. Eu prefiro me matar do que desonrar meu bom nome.
  21. Nunca, nem por um momento sequer, meu coração e minha alma desviaram-se do caminho da espada.

DOKKODO – Terao Magonojo – Genshin – Shoho (1645) Gogatsu 12 (12 de Maio) Shinmen Musashi

Niten Ichi Ryu

Geralmente os samurais seguravam a espada com as duas mãos, mas Musashi desenvolveu um estilo único de combate no qual segura-se duas espadas, uma curta e uma longa em cada mão. Seu estilo ficou conhecido como nito ichiryu (duas espadas, uma escola) ou niten ichiryu (dois céus, uma escola). Musashi dizia que o guerreiro não deve morrer sem antes ter usado suas armas. Entretanto, Musashi nunca usou as duas espadas em um duelo contra algum guerreiro habilidoso, somente usava as duas espadas quando enfrentava vários adversários ao mesmo tempo.

O Livro dos Cinco Anéis

Shinmen Musashi No Kami Fujiwara No Genshin
(1584 – 1645)

1584

Existem muitos mitos a cerca da verdadeira história de Miyamoto Musashi. Muitas passagens obscuras em sua vida nos levam a crer que ele tenha nascido presumivelmente, no ano de 1584 e pouco se sabe sobre a data e o local de nascimento. Musashi pode ter nascido, segundo algumas teorias, num vilarejo na cidade de Ohara (província de Mimasaka).

Seus antepassados são ramificações do poderoso clã Harima, da ilha de Kyushu. Hirada Shokan, seu avô, foi partidário da casa de Shinmen Iga, senhor do castelo Takeyama, e acabou casando com a filha de seu senhor. O pai de Musashi, Shimen Munisai, também serviu a família Shinmen que detinha o controle da província de Mimasaka.

Assim como o nascimento, pouco se sabe sobre a infância de Musashi. Dados confirmam que sua mãe, Omasa, morreu logo após dar a luz a Musashi em 1584. Sua madrasta Yoshiko, depois de se divorciar do marido, passa a cria-lo em Harima, junto com seus parentes. Musashi fazia visitas a Munisai, que lhe ensinava a arte na qual era mestre, o Jitte (arma utilizada para desarmar a espada). Desde criança, Musashi demonstrava extrema habilidade e um físico avantajado.

O relacionamento entre pai e filho não era muito bom, pois Munisai era muito áspero e rigoroso com o filho. Aos sete anos, seu pai morreu ou abandonou-o. (Algumas fontes dizem ainda que em 1591, Munisai foi trapaceado e morto por Ganruy Yoshitaka. Naquele tempo, pai e filho não se falavam e Musashi sentia culpa e precisava de vingança). Mas só o fato de Musashi não ter um relacionamento muito amigável com seu pai, pode ter sido um dos motivos do temperamento agressivo dele, que já era traumatizado em razão das centenas de cicatrizes na pele, provocadas por uma sífilis congênita.

Com a morte da madrasta, Musashi foi criado por um tio, por parte de mãe. Esse tio, um sacerdote budista, iniciou Musashi nas artes militares, no zen-budismo, xintoísmo (religião tradicional do Japão) e no Confucionismo.

1597

O primeiro duelo de Musashi, aconteceu aos 13 anos contra um famoso e habilidoso espadachim da escola Xintoísta Ryu Kenjutsu, de nome Arima Kihei. No dia antes do duelo, Musashi lê um aviso que dizia: “Quem quiser desafiar-me será aceito”. Musashi aceita e responde: “Eu desafiá-lo-ei amanhã”, deixando nome e endereço. Começando o duelo, Musashi ataca violentamente seu adversário derrubando-o no chão e golpeando-o na cabeça com uma espada de madeira. Kihei tombou morto vomitando sangue.

Três anos após o primeiro duelo, Musashi, agora com 16 anos, derrota Tadashima Akiyama. Nesse ano, o Xogum Toyotomi Hideyoshi morre e Mitsunari Ishida sucede sua posição que governava para o filho de Hideyoshi, Toyotomi Hideyori.

Musashi alistou-se nas forças do clã Ashikaga, aliado de Ishida, que brigava pelo poder do Japão contra as forças do general Tokugawa Ieyasu. Musashi participou da Batalha de Sekigarara que resultou na morte de cerca de 70 mil homens. Musashi lutou como soldado raso e sobreviveu a batalha mesmo estando na facção derrotada. Esse evento mudou sua vida. A partir daí, Musashi passou a vagar pelo país como um ronin (samurai sem um senhor para servir).

1605/1611

Aos 21 anos, Musashi vai para capital, Kyoto e lá desafia a família Yoshioka que servira, em determinada época, como instrutores de artes marciais do Xogum Ashikaga Yoshiaka por gerações. Diz-se também que Munisai, pai de Musashi, em outra época, havia sido convidado pelo Xogum Ashikaga para ir até Kyoto e lá enfrentou a família Yoshioka vencendo dois, de três duelos contra membros da família.

O primeiro da família a enfrentar Musashi, foi Yoshioka Seijuro, o líder do clã. O duelo aconteceu em uma área fora da cidade. Seijuro extraiu sua katana, enquanto Musashi portava um simples Bokken (espada de madeira). O golpe de Musashi dilacera o braço de Seijuro que, com a humilhante derrota, renuncia a vida de guerreiro cortando seu topete de samurai e decide nunca mais ensinar a arte da espada novamente.

Após sua vitória, Musashi, permaneceu na capital e esse comportamento irritou muito os Yoshiokas. Um outro duelo é feito, dessa vez por Denshichiro, irmão mais novo de Seijuro e segundo do clã a desafiar Musashi, que chega estrategicamente atrasado ao local do duelo que ocorreu na área do templo de Renge-o, um lugar famoso por competições de arqueiros e morada de milhares de estatuas de Kannon (Deusa da piedade e compaixão). Chegando quase três horas atrasado ao local do duelo, Musashi encontra seu adversário muito furioso e novamente com sua espada de madeira, derrota facilmente Denshichiro. Depois do início da luta, Musashi quebra o crânio do oponente que morreu imediatamente.

Após essa derrota, os Yoshiokas escolhem para enfrentar Musashi, Hanshichiro (ou Matashihiro), filho de Seijuro que tinha 11 ou 12 anos de idade. Acredita-se que a idéia era fazer uma emboscada e matar Musashi com a ajuda de todos os membros da academia Yoshioka. Musashi dessa vez muda a estratégia, chegando mais cedo ao local do duelo e escondendo-se por entre a área do “pinheiro solitário”.

Enquanto Hanshichiro (que estava desarmado) e os membros do clã que o protegiam, esperavam Musashi, eis que ele surge e surpreende os adversários, matando Hanshichiro e logo em seguida, enfrentando os inimigos com as duas espadas, uma em cada mão. Depois disso, Musashi foge, causando ferimentos e morte no grupo que tinha cerca de setenta homens. Esta foi a primeira vez que Musashi usa as duas espadas.

Depois desse episódio, Musashi tornou-se uma lenda viva no Japão daquela época e ele começa então suas viagens pelo Japão, conhecidas como Musha-Shugyo (peregrinação do guerreiro), enfrentando guerreiros de todos os tipos.

Em 1605, no Templo Hozoin, Musashi derrotou duas vezes (com sua espada de madeira) o principal aluno do templo, um renomado lanceiro de nome Oku Hozoin. Desde então, Oku havia derrotado todos os ronin que visitavam o templo. Musashi ainda permaneceu no templo durante um tempo, aprendendo técnicas de luta com os monges lanceiros, alem de participar de diálogos filosóficos com o mestre Zen Hoin Inei e com os outros monges do templo.

No final de 1605, em Edo (província de Akashi-harima), ocorre um lendário encontro entre Musashi e Muso Gonosuke (fundador da escola Jo). Wayne Muromoto escreveu um artigo sobre esse duelo inspirado numa obra não autenticada de nome KAIJO MONOGATARI de 1629. Segundo o artigo, Musashi teria enfrentado Gonosuke por duas vezes. Na primeira, Gonosuke usava uma Odachi (uma espada longa) e foi derrotado. Na revanche, Gonosuke usava uma nova arma, o Jô, um bastão de madeira de aproximadamente 120 centímetros, e nesse duelo, Gonosuke teria vencido, embora os dois, tanto Musashi quanto Gonosuke declaram enfaticamente que saíram derrotados do duelo, em razão de uma grande amizade surgida após a luta.

Na província de Iga, Musashi depara-se com um mestre de Kusari-gama (corrente com uma foice na ponta), de nome Shishido Baiken. Musashi derrota Baiken e seus discípulos. Passando pela província de Izumo, Musashi desafia e derrota o principal espadachim do senhor Matsudaira. O Senhor desafia Musashi, e sai derrotado. Depois Musashi passa uns tempos no castelo a pedido do senhor Matsudaira como sendo seu mestre.

1612

Em 1612, Musashi viaja à Ilha de Kyushu, e em Ogura (província de Bizen), permanece sob a proteção do Senhor Nagaoka Sado, daimyo de Kokura. Estando Sasaki Kojiro no castelo de Tadaoki Hosokawa, o senhor da província, o duelo entre Musashi e Ganryu Kojiro (como era conhecido Sasaki Kojiro) foi acertado para as 8 horas da manhã do dia 14 de Abril do mesmo ano em Funajima, uma ilhota na região de Kyushu, sul do Japão. Musashi some uma noite antes do duelo e a população julga ter ele se evadido do confronto. Como de costume, Musashi chega atrasado propositalmente ao local do duelo com o objetivo de irritar seu oponente. Na viagem de barco até a ilha de Funajima, Musashi esculpiu uma espada com o remo do barco. Estava despenteado e com uma aparência suja, surpreendendo a todos. Musashi saltou do barco e correu na direção de Kojiro que cortou a faixa que prendia o cabelo de Musashi. No mesmo instante, Musashi desferiu um golpe certeiro no crânio de Ganryu, que tombou morto no chão. Logo em seguida, Musashi teria brandido sua espada ao alto, com um forte grito de vitória. Acreditava-se que esse movimento teria sido mais uma investida de Musashi contra o espírito do inimigo, que ainda lutava, mesmo depois de morto.

Depois desse, que foi o principal e mais famoso duelo, Musashi desapareceu e viveu nas montanhas durante três anos. A partir de então, pouco se sabe sobre a vida do maior samurai de todos os tempos.

1615/27

Em 1615, começou o período de guerras entre o Xogum Ieyasu e os partidários de Osaka. Acredita-se que Musashi teria lutado ao lado das forças do Xogum Tokugawa no cerco aos partidários da família Ashikaga no castelo de Osaka e nas campanhas de inverno e verão, muito embora Musashi tenha lutado ao lado dos Ashikaga na Batalha de Sekigahara.

Após três anos, retorna a Kyoto com o menino Iori, seu filho adotivo de 13 anos de idade. Em outra época, Musashi havia encontrado o menino na província de Dewa e ficou espantado quando descobriu que a espada que o menino moía, serviria para cortar o corpo do pai morto, para poder enterra-lo. Musashi ajudou o menino a enterrar o pai e o tomou como seu discípulo.

Musashi abre em Kyoto sua primeira escola de esgrima. Depois, acredita-se que ele serviu a Ogasawara Tadanao , daimyo de Akashi, (província de Harima). Nesse período, Musashi dedicou-se ao Shodo (caligrafia), Cha-noyu (o caminho do chá) e pintura. Numa visita a província de Himeji, quatro retentores do daimyo desafiam-no. O primeiro a ser derrotado é Miyake Gunbei que foge depois do combate e seus seguidores admitem a superioridade de Musashi.

1632

Hosokawa Tadatoshi convida Musashi e Iori para uma estada em Edo. Mas assim que começa a rebelião de Shimabara, Musashi deixa o lugar.

Em 10 de Novembro de 1632 Musashi começa a escrever o Hyoho Sanjugo Kajo (35 artigos da estratégia) que é uma prévia do seu futuro livro, o Go Rin No Sho (O livro dos cinco anéis).

1634

Com Iori, Musashi se estabelece em Kokura em 1634. Ogasawara Tadasane é o novo senhor do castelo Kumamoto e da província de Bizen. Iori passa servir como chefe das forças armadas de Tadasane, que era simpático ao regime Tokugawa.

1637

Em 11 de Dezembro de 1637, começa uma rebelião provocada por camponeses cristãos em Shimabara. Os senhores das províncias do sul suportam uma rebelião de forças estrangeiras, e cristãos japoneses que vão contra a família Tokugawa. A família Ogasawara pede a cooperação de Musashi, mas este, apesar de ir contra sua vontade, acaba aceitando o pedido de ajuda e vai a Shimabara onde os cristãos são massacrados e Musashi participa da batalha apenas como convidado. Depois do incidente, O Xogum Tokugawa Iemitsu resolve fechar os portos japoneses a estrangeiros e essa decisão perdura por cerca de 200 anos.

1640

Em 1640, Musashi aceita o convite e permanece no castelo do daimyo Hosokawa Tadatoshi, em Kumamoto como mestre de artes marciais. Ali ele passou alguns anos ensinando esgrima, treinando caligrafia, pintando e fazendo esculturas. Suas obras são relíquias e algumas ainda podem ser vistas ainda hoje no Japão. Em Fevereiro de 1641, Musashi entrega a Tadatoshi, a pedido do próprio, os 35 artigos da arte da estratégia. Começou uma grande amizade entre os dois homens e Musashi permaneceu ao lado de Tadatoshi até sua morte.

1643

Em 1643, Musashi foi viver como ermitão numa caverna conhecida como Reigendo, localizada em Kumamoto. Dedicou-se a escrever o Go Rin No Sho (conhecido como ‘O livro dos cinco anéis’) uma obra clássica de Kendo, na qual foi dedicada a seu discípulo, Teruo Nobuyuki, algumas semanas antes de morrer.

Musashi morreu em Kumamoto no dia 19 de Maio de 1645 aproximadamente as 10 horas da manhã e foi enterrado na vila de Tenagajuge (província de Amata), no cemitério de Honmyoji, como desejava. Seus ossos foram levados até Miyamoto (Ohara) para ficar próximo ao túmulo de seus pais. Hosokawa Morishige, daimyo de Kumamoto gravou um memorial em uma lápide e colocou em Ohara marcando o local onde Musashi havia nascido. Em 19 de março de 1654, Iori termina o Musashi Yama, um monumento em Tamuke em memória do pai.

Hoje, em Miyamoto, o visitante pode ver a casa que Ogin (irmã mais velha de Musashi) viveu depois de casada, o santuário de Aramaki (aka Sanomo), onde acredita-se que observando o movimento dos cilindros do santuário, Musashi tenha se inspírado na criação da técnica com duas espadas (Niten Ichi Ryu). Lá encontra-se também o Museu Gorinbo em memória à Musashi, o santo da espada.

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Musashi nasceu para se tornar o maior samurai de todos os tempos.

Desde a sua primeira luta, prenunciando o que seria sua vida futura, aos treze anos de idade, conheceu o sabor da vitória. Suas lutas quase sempre terminavam com a morte do rival. Esses atos, aos nossos olhos, podem até parecer cruéis, mas para os samurai, a morte era encarada com naturalidade. Musashi foi concebido com glória da iluminação, por meio do Kendo, e com isso desenvolveu uma visão precisa da realidade, premiada com uma conduta digna e honrosa.

Miyamoto Musashi foi um mestre no caminho da espada, buscou a perfeição na arte da esgrima até sua fama alcançar as principais cortes do Japão. Criou um estilo de luta com duas espadas, chamado Niten Ichi Ryu e quando suas habilidades com suas espadas, longa e curta e com a lança tornaram-no invencível, o guerreiro mais temido de todo o Japão, retirou-se e se dedicou a escrever o livro Go Rin No Sho, O livro dos Cinco Anéis, um clássico da literatura japonesa, aonde deixa um legado de sua técnica às futuras gerações. Shimen Musashi no Kami Fushiwara no Genshin, teve inúmeros combates, o primeiro deles foi aos treze anos de idade, contra Arima Kihei, um samurai da escola xintoísta Ryu. Participou da batalha de Sekigahara, no qual sobreviveu ao massacre sobre sua facção derrotada e continuou trilhando o seu bushido.

Lutou contra a família Yoshioka. Seijuro, foi o primeiro da família a enfrentar Musashi, que empunhava uma espada de madeira, ao contrário de Seijuro, que portava uma espada de boa qualidade. Musashi derrubou e espancou Seijuro furiosamente. Após sua vitória, permaneceu na capital, esse comportamento irritou muito os Yoshiokas. Densichiro foi o segundo do clã a desafiar Musashi, que depois do início da luta quebrou o crânio do oponente que morreu imediatamente. Uma terceira luta foi proposta, agora contra Hansichiro, filho de Seijuro. Musashi chegou mais tarde ao local do duelo e se escondeu. O garoto havia chegado bem antes com um grupo de homens bem armados. Quando julgaram ter Musashi, se evadido do duelo, eis que ele surge e mata o menino. Depois, com suas duas espadas, causou ferimentos e mortes entre o grupo e fugiu, essa foi a primeira vez que Musashi usou as duas espadas simultaneamente.

Em 1605, após derrotar Oku Hozoin, monge discípulo de Hoin Inei, Musashi passou algum tempo estudando as técnicas dos sacerdotes lanceiros. Na província de Izumo, após derrotar o campeão local Matsudaria, permaneceu um tempo como professor desse senhor, mas o duelo mais famoso de Musashi, foi em 1612 em Ogura, província de Bunzen, contra Sasaki Kojiro, dono de uma técnica de esgrima conhecida como Tsubame-gaeshi. O local do duelo era uma ilha próxima de Ogura. Musashi, durante a viajem para chegar ao local, esculpiu uma espada a partir do remo existente no barco. Estava com uma aparência suja, pouco ortodoxa. Todos, inclusive Kojiro se surpreenderam com sua figura. Musashi correu sobre seu oponente que lançou a espada fora da bainha e em seguida se desfez da própria bainha. A partir daí, Musashi constatara a própria vitória. Com um golpe desferido pela sua espada feita do remo, Musashi abriu o crânio de Ganryu Kojiro, que caiu morto.

O duelo contra Muso Gonnosuke, um dos maiores manejadores do bastão de todos os tempos, foi um dos mais famosos também. Tanto Musashi como Gonnosuke, afirmam enfaticamente em seus livros que, no dia do duelo, foram derrotados um pelo outro, já que ninguém saiu vencedor desse duelo. Depois, Gonnosuke tornou-se um dos melhores amigos de Musashi, e criou o Bojutsu.

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